No mês de agosto mais recente o 23o Congresso Abramge e 14o Congresso Sinog, realizado em São Paulo, reuniu representantes dos principais elos da saúde suplementar para discutir o tema “Integração de Stakeholders”. A intenção foi clara: buscar as principais convergências nas agendas de operadoras, hospitais, médicos, indústria farmacêutica, empregadores e pacientes em prol da sustentabilidade do setor.
O evento foi produtivo e demonstrou que são diversas as demandas comuns entre esses diferentes stakeholders, como apresenta a reportagem de capa desta edição.
Todos concordam, por exemplo, que os custos assistenciais alcançaram nível insuportável. E que isso é causado, em parte, pelo uso irracional dos recursos oferecidos pelos planos de saúde, tanto por provedores de serviços quanto pelos próprios pacientes. E o que fazer para reduzir fraudes e desperdícios a níveis razoáveis? É consenso também que isso somente será possível por meio de um novo modelo assistencial centrado na qualidade e resolutividade dos cuidados à saúde. Para tanto, é preciso ter parâmetros que permitam acompanhar a efetividade dos tratamentos e, consequentemente, o pagamento de médicos e hospitais de acordo com sua eficiência e eficácia.
Outro fator que leva aos gastos crescentes dos planos de saúde é, segundo os participantes do congresso, a ênfase dada pelo sistema ao tratamento de doenças, quando deveria ser a prevenção e a identificação precoce das mesmas. Essa mudança de mentalidade e postura está acontecendo, aos poucos, e a expectativa é que deverá em alguns anos se tornar um freio na alta sinistralidade registrada pelo setor.
Para resolver esses e os outros grandes desafios da saúde suplementar, como a excessiva judicialização, é necessária uma maior integração entre os players do setor. Para que as soluções saiam do papel e cheguem, de fato, à prática. Torçamos.
As outras duas interessantes reportagens também têm a ver com o panorama descrito acima. Em uma delas revelamos o que operadoras e empregadores estão fazendo para que os beneficiários usem os planos de saúde com maior racionalidade – para isso, estão usando ferramentas de comunicação para conscientizar os pacientes de que suas decisões têm impacto na coletividade. Na outra matéria, mostramos que a odontologia suplementar está diversificando a oferta de serviços para conquistar e manter clientes. Indo além do que está previsto no Rol de Procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos odontológicos estão fazendo mais pessoas sorrirem satisfeitas.
Por fim, não deixe de prestigiar a entrevista exclusiva que abre esta edição da Visão Saúde, com um dos principais especialistas do mundo em políticas de envelhecimento, Alexandre Kalache.
Boa leitura.