A saúde nos tribunais
Judicialização, uma palavra tão infame que nem aparece nos dicionários. Ainda assim, ela nunca esteve tão na moda. Basta uma espiada no noticiário para constatar. É judicialização da política, dos conflitos trabalhistas, da educação… A lista vai embora.
Nenhum desses fenômenos, contudo, rendeu mais notícias nos últimos quatro ou cinco anos que a famigerada judicialização da saúde – tema da reportagem de capa da revista que está em suas mãos [1].
Os números impressionam. Brasil afora, são mais de 400 mil as ações judiciais em curso neste exato momento, envolvendo tanto o sistema público quanto a saúde suplementar.
Ninguém discute, por óbvio, o direito que todo cidadão tem de recorrer à Justiça na defesa dos seus direitos. O problema é que os tribunais vêm sendo cada vez mais usados de maneira indevida, provocando rombos assustadores nos cofres públicos e ameaçando a sobrevivência das operadoras de planos de saúde. Por que isso acontece? Quais são os prejuízos para a sociedade? Como reverter a situação? As respostas para essas e outras perguntas estão entre as páginas 18 e 23.
Outro assunto dos mais atuais – e igualmente relevante para o setor – é o da incorporação de novas tecnologias e medicamentos, algo essencial para a evolução da assistência à saúde. O dilema, no entanto, está no alto custo dessa incorporação e na forma nem sempre criteriosa como ela é feita. Vale lembrar que investimentos mal planejados em equipamentos de ponta ou remédios ultramodernos não necessariamente significam uma melhora no serviço de saúde oferecido à população. Essa é apenas uma das questões abordadas em outra das reportagens desta edição, entre as páginas 24 e 27 [2].
O tema da nossa terceira matéria são os investimentos em tecnologia da informação. Ainda que tímidos entre as operadoras brasileiras, eles são considerados estratégicos, pois aproximam as empresas de seus clientes e proporcionam maior segurança à gestão do negócio [3]. Para concluir esta breve apresentação, vale destacar, também, a ótima entrevista concedida pelo economista Paulo Furquim, professor do Insper, que fala, entre outros assuntos, sobre as mudanças necessárias no sistema de saúde brasileiro para torná-lo mais eficiente [4], e a cobertura do Congresso Abramge/Sinog, no qual gestores públicos, operadoras e especialistas foram unânimes ao apontar para a urgência de mudanças na saúde suplementar brasileira.
Boa leitura.