A saúde suplementar está passando por um momento decisivo. Definições que pautam sua sustentabilidade, iniciativas para aumento da acessibilidade, o rol dos procedimentos em saúde e como é possível o setor trabalhar com certa previsibilidade para o futuro podem ser o começo das principais mudanças que estão por vir.
Na reportagem de capa desta edição (pg. 14), você poderá conferir os principais destaques do evento anual da entidade, que reuniu os principais players do setor para discussões sobre o presente e o futuro [1]. A busca por maior previsibilidade foi uma das tônicas, principalmente por causa das repetidas mudanças na legislação que rege a relação entre planos de saúde e beneficiários. Mas, além disso, ficou nítida a necessidade de uma nova jornada assistencial, que promova a integração entre operadoras e prestadores de serviço e que sejam construídas com o beneficiário no centro.
Enquanto isso, infelizmente, há mais um elemento desafiador: o aumento contínuo de casos de distúrbio mental, que já acontecia antes da pandemia de Covid-19 mas foi intensificado pela crise sanitária e todo o estresse por ela causado [2]. A reação de operadoras e empregadores a esse cenário tem passado por aprimorar suas iniciativas de promoção de qualidade de vida, identificação precoce de casos de distúrbio e apoio continuado a quem sofre com esses problemas (pg. 28).
Se a cabeça dos brasileiros não anda bem, a saúde bucal também não é das melhores [3], como mostra o infográfico da página 12. Por outro lado, temos o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo e planos de saúde odontológicos com valores acessíveis. Esse segmento da saúde suplementar já atende mais de 29 milhões de brasileiros, mas pode chegar a muito mais gente. Um dos caminhos para isso é seguir qualificando os serviços das operadoras odontológicas, e poder mostrar para a população em quem pode confiar. Esse é o intuito do Programa de Acreditação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que depois de muitos anos permitiu o ingresso do segmento. Ainda falta, porém, adequar as regras à sua realidade particular, como mostra a reportagem da página 22.
Não perca, ainda, a entrevista exclusiva do presidente do Insper e especialista em políticas públicas, Marcos Lisboa [4], na qual ele alerta sobre o uso ineficiente de recursos na saúde, causado, em grande parte, por uma visão individualista sobre o setor (pg. 6).